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Cientistas desvendam causa da extinção do "King Kong da vida real"

O Gigantopithecus blacki tinha cerca de três metros de altura e pesava mais de 250 quilos
Por History Channel Brasil em 16 de Janeiro de 2024 às 13:04 HS
Cientistas desvendam causa da extinção do "King Kong da vida real"-0

Durante dois milhões de anos, macacos gigantes viviam nas selvas do atual sul da China antes de desaparecerem misteriosamente. O Gigantopithecus blacki, apelidado de "Giganto", tinha cerca de três metros de altura, pesava mais de 250 quilos e foi a maior espécie de primata que já existiu. Agora, um novo estudo publicado na revista Nature aponta a causa da extinção deste King Kong da vida real.

Enigmático desaparecimento

As únicas evidências desse grande macaco são alguns milhares de dentes e quatro maxilares parciais encontrados em cavernas no sul da China. O novo estudo, que resultou de horas de trabalho laboratorial realizado por cientistas na Austrália, na China e nos EUA, mapeou a evolução desta espécie desde a sua origem até à extinção. Com isso, os pesquisadores oferecem provas definitivas tanto do momento como da causa do enigmático desaparecimento do primata.

Comparação entre o Gigantopithecus blacki e outros macacos
Comparação entre o Gigantopithecus blacki e outros macacos (Imagem: Universidade Macquarie/Divulgação)

“A chave para resolver este mistério reside em estabelecer o momento exato em que o G.blacki desapareceu do registro fóssil e, em seguida, reconstruir as mudanças no ambiente e no comportamento dos macacos antes da sua extinção”, disse Kira Westaway, geocronologista da Universidade Macquarie, na Austrália, e coautora do estudo. A equipe internacional utilizou seis métodos diferentes de datação de sedimentos e fósseis de cavernas para demonstrar, sem sombra de dúvida, que o G.blacki foi extinto entre 295 mil e 215 mil anos atrás, muito antes do que se supunha anteriormente.

Os cientistas descobriram, que à medida que o ambiente mudava, o Giganto não se adaptou. Há 2,3 milhões de anos, durante o final do Pleistoceno Médio (2,6 milhões a 11.700 anos atrás), o macaco gigante consumia uma dieta rica em frutas e vivia em florestas densas. No entanto, há cerca de 600 mil a 700 mil anos, este habitat começou a mudar, transformando-se gradualmente em um grande pasto. 

A análise do pólen e dos fósseis mostrou que, durante este período, o clima e as plantas tornaram-se mais sazonais e a disponibilidade de água foi menos consistente à medida que a região começou a experimentar estações secas. À medida que as suas fontes de alimento e a sua área de alimentação diminuíam, o macaco tornou-se ainda maior e, confinado ao solo da floresta, comia cascas de árvores e outros alimentos com poucos nutrientes quando as suas frutas favoritas estavam fora de estação,, fazendo com que a espécie entrasse em declínio.

“Essa história é uma lição de extinção”, disse Westaway. “Em última análise, a incapacidade de se adaptar às novas condições levou ao desaparecimento do maior primata que já habitou a Terra”, concluiu.

Fontes
Universidade Macquarie e Live Science
Imagens
iStock