Telégrafo hidráulico: o incrível método de comunicação à distância da Grécia Antiga

Muito antes da existência das tecnologias modernas de telecomunicação, os gregos antigos já haviam desenvolvido um método para enviar mensagens "instantâneas" à distância. O invento, que ficou conhecido como "telégrafo hidráulico de Enéas", foi criado por volta do ano 350 a.C. Apesar de simples, o dispositivo era eficiente para mandar alertas em tempos de guerra.

Como funcionava o telégrafo hidráulico

A invenção é atribuída a Enéas, o Tático, um grego que escrevia sobre história militar. Ele foi um dos primeiros autores da Grécia Antiga a escrever sobre a arte da guerra. Seus textos destacavam a importância das comunicações militares para compartilhar estratégias e antecipar possíveis invasões. 

Para contornar as limitações de métodos de comunicação rudimentares como tochas e faróis (que serviam para alertar de algum perigo, mas não para mandar mensagens), Enéas criou o telégrafo hidráulico. A invenção envolvia um sistema de recipientes cheios de água contendo hastes nas quais eram pregadas mensagens (como “cavaleiros entrando no país”, "infantaria pesada" ou “navios”). Os dois mensageiros que desejassem se comunicar precisariam estar posicionados a uma distância na qual pudessem se enxergar (geralmente um ficava no topo de uma colina e o outro embaixo). Confira no vídeo abaixo o funcionamento do dispositivo:

Na hora em que um mensageiro queria se comunicar com o outro, ele erguia uma tocha. Para confirmar que estava preparado para receber a mensagem, o outro também levantava uma tocha em resposta. Quando o remetente inicial abaixasse a tocha, ambos os lados puxavam simultaneamente um tampão (ou abriam uma torneira) no fundo do recipiente. À medida que a água escoava, a haste (que tinha uma rolha como base) afundava, alterando o nível das mensagens.

Quando a mensagem certa aparecesse na borda do recipiente, o mensageiro inicial acendia novamente sua tocha, sinalizando que o receptor deveria reconectar o tampão (ou fechar a torneira) e ler a mensagem na haste. Para que a comunicação ocorresse com sucesso, ambos precisavam ter recipientes do mesmo tamanho e contendo o mesmo volume de água, além de hastes contendo as mesmas mensagens. Assim, era possível alertar militares e civis sobre invasões, dando tempo para a preparação e execução de estratégias de defesa e fuga.