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Morre Niemeyer, arquiteto que ajudou a construir a história moderna do Brasil

Por History Channel Brasil em 07 de Outubro de 2019 às 12:50 HS
Morre Niemeyer, arquiteto que ajudou a construir a história moderna do Brasil-0

No dia 5 de dezembro de 2012 morria no Rio de Janeiro, aos 104 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer, um dos mais conhecidos do mundo e grande ícone da arquitetura moderna.. Ele morreu vítima de uma infecção respiratória quando estava próximo de completar 105 anos, o que aconteceria no dia 15 de dezembro seguinte. Conhecido por suas estruturas de concreto armado, Niemeyer sempre disse que o mais importante no final das contas nada mais é do que a própria vida: “é a gente se abraçar, conhecer as pessoas, haver solidariedade, pensar num mundo melhor, o resto é conversa fiada". “Minha lição para a arquitetura é ler romance, poesia, ficção, Simenon, e nada de livro técnico. A maioria dos meus projetos é resolvida pelo texto. Ler filósofos como Heidegger que dizia: a razão é inimiga da imaginação”, dizia Niemeyer. No decorrer de sua longa e bem sucedida jornada neste mundo, ele deixou obras espalhadas por países como França, Itália, Espanha, Estados Unidos, Israel e, obviamente, Brasil. Sua maior realização e que o deixou conhecido internacionalmente foi, sem dúvida, o ousado projeto de Brasília, um trabalho realizado em curto espaço de tempo - entre 1956 e 1960 - que não consistiu apenas em técnicas e números, mas que também teve filosofia e idealismo como alicerces. Além de Brasília, outras importantes obras são Palácio Capanema no Rio de Janeiro (o antigo Ministério da Educação e Cultura), Igreja São Francisco de Assis em Belo Horizonte, Sede das Nações Unidas (Nova York), Edifício Copan (São Paulo), Memorial da América Latina (São Paulo), Parque do Ibirapuera (São Paulo), Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba). A leveza das curvas das obras de Niemeyer contrastam com a dureza de suas estruturas do concreto armado e a monumentalidade de suas criações. “Poeta do concreto”, ele encontrou em sua cidade natal, o Rio de Janeiro, a inspiração nas formas da natureza. "Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva no encontro sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curva é feito todo o universo. O universo curvo de Einstein". Curvas que podem ser encontradas na projeto do edifício Copan, em São Paulo, nas formas do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), ou na ponte Juscelino Kubitschek, em Brasília. Além das formas, o Rio de Janeiro também serviu para mostrar a Niemeyer a dureza de uma realidade cheia de contrastes e de injustiças sociais que o impeliram a usar seu trabalho também como um instrumento de luta pela transformação do mundo. Politicamente, ele se filiou ao Partido Comunista do Brasil e manteve-se fiel aos seus princípios até o final da vida. Profissionalmente, ele quis chamar atenção para o poder transformador que a arquitetura pode exercer na sociedade. “Importante não é a arquitetura. Importante é a vida. A arquitetura não pode mudar a vida. Só a vida é que pode mudar a arquitetura. No dia em que o mundo for mais justo, a arquitetura vai mudar, e será mais simples, como o mundo. Enquanto isso não acontecer, a gente vai fazendo o que é possível, embelezando as coisas, tentando surpreender, espantar, chamar a atenção para algo.” Aos críticos de suas obras, as quais pecam pela funcionalidade e praticidade, o arquiteto tinha a resposta pronta: “Quando uma forma cria beleza tem na beleza sua própria justificativa”.

 

 


 

Imagem:  [CC0], via Wikimedia Commons