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Carlos Henrique Raposo: a história da maior farsa do futebol mundial

Por History Channel Brasil em 14 de Janeiro de 2022 às 14:02 HS
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Ele não sabia nem jogar cartas. Tinha um problema com a bola”, disse o ex-jogador brasileiro Ricardo Rocha, campeão da Copa do Mundo de 1994, em referência ao seu compatriota Carlos Henrique Raposo, a maior fraude do futebol do mundo.

Apelidado de “O Kaiser”, Raposo sempre quis ser jogador de futebol, ou melhor, viver a vida de um jogador de sucesso, mas a verdade é que ele odiava futebol e não tinha nenhum tipo de habilidade com a bola, inclusive quando jogou como atacante.

No entanto, a força de seus bons contatos, carisma e uma relação de excelência com os meios de comunicação, Raposo chegou a jogar em mais de dez clubes de futebol, ainda que jamais tenha disputado os 90 minutos de uma partida.

Tudo começou em 1986, quando Raposo tinha 23 anos de idade. Na época, ele frequentava as boates mais famosas em busca de jogadores de elite. Foi assim que conheceu Mauricio de Oliveira Anastácio, um ícone do Botafogo.

Anastácio se rendeu ao carisma de Raposo e convenceu os diretores do clube a contratá-lo. Foi ele quem acreditou que o apelido “Kaiser”, em alusão à estrela do futebol alemão Franz Beckenbauer, seria de grande ajuda.

Além disso, ele armou um currículo, no qual incorporou uma das primeiras grandes mentiras de Raposo: ele disse ter feito parte da equipe argentina Independiente, ganhadora da Copa Libertadores de 1984. Assim, obteve seu primeiro contrato profissional.

Eu ia treinar e, com poucos minutos de exercício, lesionava o músculo da panturrilha e pedia para ir à enfermaria. Ficava lesionado por 20 dias. Nessa época, não existia a ressonância magnética”, disse Raposo em uma entrevista ao Globo Esporte.

Os dias passavam e eu tinha um dentista amigo que me dava um atestado médico de algum problema físico. E assim passavam os meses. No Botafogo, acreditavam que eu era um craque cercado de mistérios”, acrescentou.

Com o mesmo modus operandi, Raposo passou mais tarde pelo Flamengo, a cujos treinamentos chegava fingindo falar por telefone com agentes europeus. “Ele fingia falar inglês, e falava muito mal. Um dia, descobri que ele não falava com ninguém”, recordou Ronaldo Torres, ex-preparador físico do clube.

Raposo migrou para o futebol mexicano graças a bons contatos e notas falsas na imprensa. Jogou no time de Puebla e, mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos, onde foi contratado pelo Paso Patriots, da Premier Development League do país.

Em 1989, quando o técnico pediu que ele deixasse o banco de reservas para entrar em campo, Raposo aproveitou os insultos da arquibancada para subir e brigar com a torcida, o que lhe custou a expulsão. Novamente, ele conseguiu não jogar uma partida de futebol.

Finalmente, em 1990, Raposo chegou ao futebol europeu, meca do futebol mundial. Integrou o time do Ajaccio francês e foi recebido como uma verdadeira estrela. Sem jogar um só minuto, voltou mais tarde ao Brasil, onde passou pelo América, Vasco da Gama, Fluminense, Palmeiras e Guarani, até que se aposentou, aos 38 anos.

Não me arrependo de nada. Os clubes enganam muito os jogadores. Alguém teria que se vingar deles”, concluiu, satisfeito por ter realizado a maior farsa da história do futebol mundial.

Fonte: Infobae



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