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10 curiosidades que talvez você não saiba sobre os Jogos Olímpicos da modernidade

Por History Channel Brasil em 29 de Julho de 2016 às 00:07 HS
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Na Olimpíada de 1896, prova de natação foi em mar aberto e foi preciso resgatar alguns atletas com hipotermia.


Em 6 de abril de 1896, deu-se início aos Jogos Olímpicos inaugurais no Estádio Panatenaico, em Atenas, na Grécia. Foram os primeiros Jogos Olímpicos desde que o Império Romano havia abolido a competição em 393 d.C.

Mais de 60 mil espectadores se juntaram, agitando bandeiras, para assistir ao rei Jorge I da Grécia presidir a cerimônia de abertura. Ao longo dos dez dias seguintes, mais de 300 atletas de várias nações iriam lutar pela vitória em provas que iam desde o atletismo à natação, tiro, luta, ciclismo e ginástica.

Descubra 10 fatos pouco conhecidos sobre os primeiros Jogos Olímpicos Modernos.

1. Não foi a primeira tentativa de reavivar as Olimpíadas
Mesmo depois de os romanos terem extinguido os clássicos jogos gregos em 393 d.C., a chama olímpica continuou a arder. Festivais olímpicos informais já aconteciam no século XVII, e, no século XIX, surgiu uma série de “revivals” locais, incluindo os Jeux Olympiques Scandinaves, na Suécia, e os Zappas Olympics, na Grécia. Enquanto isso, na Inglaterra, um médico chamado William Penny Brookes deu início aos anuais Wenlock Olympian Games, que atraíram atletas de todo o país.

O movimento olímpico incipiente finalmente se concretizou na década de 1890, com Pierre de Coubertin, um barão francês que conseguiu reunir o apoio para uma competição atlética internacional a ser realizada em cidades diferentes a cada quatro anos. Em uma reunião em Paris, em 1894, ele e vários outros membros do Congresso Olímpico votaram para que a sede inaugural dos jogos fosse em Atenas.

2. A maioria dos países não enviou equipes olímpicas oficiais
Apesar dos melhores esforços de Pierre Coubertin e do recém-formado Comitê Olímpico Internacional, os jogos de 1896 tiveram pouca repercussão fora da Grécia. A maioria dos países sequer se preocupou em enviar representantes oficiais, e uma proibição a atletas profissionais impediu que muitos dos melhores atletas do mundo participassem. A equipe norte-americana, por exemplo, era formada por 13 atletas universitários e amadores, que viajaram a Atenas com seu próprio dinheiro.

“Na verdade, nós mesmos nos selecionamos”, escreveu posteriormente Thomas Curtis, um dos membros da equipe. Vários outros competidores eram gregos locais ou até mesmo turistas, que se depararam por acaso com o evento e decidiram se inscrever.

O mais famoso desses acidentes olímpicos foi o de John Bius Boland, um irlandês que viajou para os Jogos como espectador e acabou participando deles depois que o amigo o registrou para uma competição de tênis. Boland teve que pedir uma raquete emprestada e ir para as quadras com sapatos de sola de couro. Mesmo assim, saiu vencedor tanto do torneio simples quanto do de duplas.

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3. As provas de natação foram disputadas em mar aberto
Os “jogos náuticos” nos Jogos Olímpicos de Atenas consistiram em quatro eventos disputados na vizinha Baía de Zea. Os competidores foram levados em uma balsa de madeira e de lá nadaram até a praia utilizando um colar de flutuação e abóboras ocas como marcadores de pista. Para atletas acostumados ao conforto das piscinas, as ondas de 3,5 metros e a temperatura da água a 12ºC transformaram muitas competições em batalhas contra o próprio ambiente.

O americano Gardner Williams teria desistido da prova dos 100 metros após um breve mergulho nas águas frias, e o campeão húngaro Alfréd Hajós lambuzou seu corpo com gordura para aliviar o frio durante a prova dos 1.500 metros. “Minha vontade de viver superou completamente meu desejo de vencer”, ele afirmou posteriormente sobre a difícil experiência hipotérmica. “Eu mergulhei na água com uma determinação poderosa e só fiquei calmo quando os barcos voltaram na minha direção e começaram a pescar os competidores dormentes que desistiam da competição”.

4. Os vencedores não receberam medalhas de ouro
A tradição olímpica de ser premiado com as medalhas de ouro, prata e bronze só começou nos Jogos de 1904, em St. Louis.

Os vencedores dos Jogos de 1896 foram presenteados, no lugar, com medalhas de prata, certificados e ramos de oliveira, enquanto os vice-campeões receberam medalhas de bronze e ramos de louro. Já os que, por azar, acabaram em terceiro lugar, não ganharam nada.

5. Os jogos tiveram uma prova de natação para membros da marinha grega
Ao contrário dos Jogos Olímpicos seguintes, que contaram com provas peculiares, como o cabo de guerra e o tiro aos pombos, os jogos de 1896 se ativeram a um programa atlético convencional. Umas das poucas exceções foram os 100 metros livres para marinheiros, uma prova de nado que permitia apenas membros da marinha grega.

Somente três marinheiros participaram, com Ioannis Malokinis, de 16 anos, saindo vitorioso com 2 minutos e 20,4 segundos de tempo – quase 1 minuto mais lento que o vencedor da prova geral dos 100 metros livres.

6. Foram os únicos Jogos Olímpicos sem atletas mulheres
Assim como seu antigo equivalente, os primeiros Jogos Olímpicos Modernos foram um evento totalmente masculino. A exclusão das mulheres se deu, sobretudo, por causa da influência de Pierre Coubertin, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), que considerava indecente a participação feminina nos esportes.

Embora as mulheres fizessem, mais tarde, sua estreia nas provas de golfe e tênis dos Jogos de Paris, em 1900, Coubertin permaneceu obstinadamente contrário a atletas olímpicas pelo resto de sua carreira, chegando até a escrever certa vez que “os jogos deveriam ser a exaltação solene e periódica do atletismo masculino, com o internacionalismo como base, a lealdade como meio, a arte como configuração e o aplauso feminino como recompensa”.

7. Um americano ganhou a prova de lançamento de disco – apesar de não ser um atleta da modalidade
Poucas surpresas olímpicas se comparam ao triunfo do arremessador de peso Robert Garrett, na prova de lançamento de disco de 1896. O lançamento de disco não fazia parte dos esportes americanos no final do século XIX, por isso, antes de ir para Atenas, Garrett estudou imagens de arte grega antiga e tentou construir um disco do zero. Seu disco protótipo ultrapassou os 11 kg – muito acima do peso regulado em 2 kg –, e, depois de se esforçar para arremessá-lo, não perdeu suas esperanças de competir na prova.

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Foi somente quando chegou a Atenas que se deparou com um regulamento de lançamento de disco menos exigente e decidiu participar da competição. Ele errou seus primeiros arremessos, mas acabou jogando o disco a quase 30 metros de distância – o suficiente para superar o favorito grego Panagiotis Paraskevopoulos. “Essa foi uma tragédia para a Grécia”, gracejou posteriormente Thomas Curtis, companheiro de equipe de Garret, “mas uma enorme comédia para nós”.

Os competidores olímpicos americanos viriam a dominar as provas de atletismo nos Jogos de 1896, recebendo o ramo de oliveira em 9 de 12 provas.

8. Um menino de 10 anos participou da prova de ginástica
De longe, o atleta mais jovem dos Jogos de Atenas foi Dimitrios Loundras, um grego que participou da prova de barras paralelas com apenas 10 anos e 218 dias. Não há relatos da performance do ginasta mirim, mas sua equipe terminou em terceiro, o suficiente para ele entrasse nos livros de recorde como medalhista de bronze.

Até hoje, Loundras se mantém como o competidor mais jovem da história olímpica.

9. A maratona foi inventada para os Jogos de 1896
Além de retomar a tradição das Olimpíadas quadrienais, os Jogos de 1896 também deram origem à primeira maratona organizada. A corrida de resistência foi uma ideia de Michael Breal, um amigo de Pierre de Coubertin que havia se inspirado na lenda de um soldado grego que correu das planícies de Maratona até Atenas para espalhar a notícia de uma vitória sobre os Persas em 490 a.C.

A prova inaugural foi mais curta que as maratonas de hoje – um pouco menos de 40 km em comparação com os atuais 42 km – mas se mostrou igualmente cansativa. Cerca de metade dos competidores foram obrigados a desistir por cansaço, e outro foi desclassificado após ter pegado carona em uma carruagem a cavalo durante um trajeto da corrida.

O vencedor improvável foi Spiridon Louis, um aldeão grego desconhecido, que entrou na corrida a um ritmo constante e até parou na metade do caminho para comer ovos e beber um copo de vinho. Ao entrar no estádio, ele foi saudado com gritos de “Heleno! Heleno!” pelos espectadores gregos em êxtase. Os príncipes reais gregos chegaram até a correr ao seu lado conforme ele cruzava a linha de chegada. Louis foi alçado ao estrelato nacional por ter ganhado a primeira maratona da história, mas acabou retornando à sua vila após o triunfo olímpico e nunca mais participou de outra competição.

10. Houve pedidos que Atenas fosse a sede permanente dos Jogos Olímpicos
Em um banquete realizado próximo ao fim dos Jogos de Atenas, o rei grego aclamou a competição como um grande sucesso e sugeriu que a Grécia se tornasse “a sede estável e permanente dos Jogos Olímpicos”.

Muitos atletas apoiaram o plano – a equipe norte-americana, inclusive, emitiu um comunicado dizendo que os jogos “nunca deveriam ser removidos” do solo grego –, mas o fundador Pierre de Coubertin não queria saber disso. Ele estava desesperado para fazer dos Jogos Olímpicos uma competição internacional e duvidava de que o governo grego, com pouco dinheiro, fosse capaz de sediá-lo de forma constante.

Coubertin e seus apoiadores acabaram inventando um plano inusitado: enquanto os Jogos de Verão deveriam mudar de cidade para cidade a cada quatro anos, a Grécia seria a anfitriã permanente de um evento à parte que seria realizado entre cada Olímpiada. O primeiro e único desses “Jogos Intercalados” ocorreu em Atenas em 1906, mas, por problemas políticos, foi cancelado nas três ocasiões seguintes e a ideia acabou sendo abandonada. Foi somente em 2004 que Atenas sediou, por fim, outros Jogos Olímpicos.


Fonte: history.com

Imagens: domínio público