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Cientistas tentam desvendar mistério de cérebro humano de 2600 anos bem preservado

Por History Channel Brasil em 30 de Setembro de 2021 às 11:51 HS
Cientistas tentam desvendar mistério de cérebro humano de 2600 anos bem preservado-0

Cientistas ficaram intrigados ao encontrar um cérebro humano da Idade do Ferro muito bem preservado na Inglaterra, em 2008. Como o órgão é formado por tecido mole, ele geralmente se decompõe logo após a morte. Então, o que explicaria a conservação desse exemplar de 2600 anos?

"A preservação desse tecido cerebral humano permanece um mistério, em vista da decomposição e autólise que começam alguns minutos após a morte", escreveram os cientistas em um novo estudo publicado no Journal of the Royal Society Interface. Ao analisar o órgão, os cientistas apontaram diversos fatores que podem ter contribuído para a sua preservação. "O modo como esse indivíduo morreu ou foi enterrado pode ter permitido a preservação em longo prazo do cérebro", disse o pesquisador-chefe Axel Petzold, professor do Instituto de Neurologia da University College de Londres.

O órgão foi encontrado dentro de um crânio sepultado em uma cova onde hoje fica o vilarejo de Heslington, em York. Os pesquisadores acreditam que os restos mortais pertençam a alguém que morreu com cerca de 30 anos em algum período entre 482 a.C e 673 a.C. Fraturas na vértebra do pescoço sugerem que a pessoa foi enforcada. Segundo os pesquisadores, também há indícios que sua cabeça foi cortada e seu sangue foi drenado.

Os cientistas afirmam que nenhuma técnica de preservação, como o embalsamamento, foi usada no corpo. Durante anos, Petzold estudou dois tipos de filamentos no cérebro: neurofilamentos e proteína glial fibrilar ácida (GFAP), que agem como armações que mantêm a massa encefálica unida. Quando ele e sua equipe examinaram o cérebro de Heslington, viram que esses filamentos ainda estavam presentes, levantando a hipótese de que eles tenham um papel importante na preservação do órgão.

Petzold e seus colegas especulam que, cerca de três meses após a morte da pessoa, as enzimas que normalmente teriam devastado seu cérebro foram desligadas. Mas o que teria causado esse desligamento? Os autores acreditam que um fluido ácido de alguma forma entrou no cérebro, antes ou depois da morte da pessoa. O fato de o indivíduo ter sido enforcado e decapitado pode ter algo a ver com isso. Outra hipótese é que uma doença desconhecida pode ter alterado suas proteínas cerebrais.