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O mais tradicional quartel paulista

Por History Channel Brasil em 06 de Outubro de 2016 às 12:29 HS
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Por Ricardo Della Rosa, do canal Passado Presente

Sem sombra de dúvida, o Batalhão Tobias de Aguiar é um dos locais mais históricos da cidade. Dentro de suas muralhas ocorreram fatos que alteraram o curso da história do Brasil, sendo mais marcantes os ocorridos em 1924 e 1932.

 

Saiba mais com a Pílula Histórica dessa semana: 

 

Acompanhe a seguir algumas imagens do quartel, sede da ROTA - Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar - um verdadeiro museu a céu aberto.

 

A Lei No 86 de 9 de dezembro de 1873 declarou de utilidade pública a vasta gleba pertencente ao Recolhimento da Luz. Após dezenove longos anos de burocracias e indefinições, a Força Pública inaugurava o seu quartel na Avenida Tiradentes em 1892. 

 

O projeto do arquiteto Ramos de Azevedo é típico das fortalezas da Legião Estrangeira na África com torreões laterais, ameias e guaritas - predominando sempre a linha reta. O material empregado em sua construção é originário de diferentes partes do mundo: Telhas francesas, tijolos italianos e portas em pinho de riga trazidos da Rússia.

 

Abaixo vemos a entrada principal do quartel em dois momentos: Em 1924 com trincheiras fechando a Avenida Tiradentes e atualmente sendo utilizado pelo 1o BPChq.

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A representação das armas e bandeiras do Batalhão em um magnífico trabalho artístico.

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Ao atravessar o portão principal o visitante se depara com o amplo páteo interno, aonde além das moderníssimas viaturas encontram-se uma série de monumentos referentes as passagens do Batalhão.

 

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No centro do páteo, ao lado dos brasões da Polícia Militar e do 1o Batalhão e abaixo do lema da ROTA, encontra-se o Monumento aos Heróis de Canudos - os doze Soldados Paulistas que tombaram em 1897 no combate que colocou fim ao reduto de Antônio Conselheiro. As ações do Batalhão foram mencionadas no livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que a ele se referia como o “Batalhão Paulista”.

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Homenagem ao Capitão PM Alberto Mendes Junior, morto em maio 1970 por terroristas que se encontravam cercados no Vale da Ribeira. Por iniciativa própria o então Tenente Mendes Júnior se ofereceu como refém em troca de soldados feridos. Acabou executado a coronhadas de fuzil.

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Um dos momentos mais dramáticos da história de São Paulo está representado na belíssima escultura de Vicente Larocca, que recentemente foi acomodada dentro do Batalhão.

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Duas imagens que traduzem o correr dos anos dentro das muralhas do quartel. Em 1924 um veículo blindado usado pelos revoltosos e a nova viatura da ROTA estacionada no mesmo local, 87 anos depois.

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Homenagem aos Soldados do 1o Batalhão tombados no cumprimento do dever.

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Monumento aos soldados do 1o Batalhão mortos durante a Revolução de 1932. Além do 1o Batalhão ter tomado parte nos combates no setor de Cunha e no Túnel da Mantiqueira, o quartel da Luz também foi palco de um momento dramático quando no início da revolução o povo paulista pleiteando a adesão da Força Pública, se aglomerou nos portões do quartel clamando em nome da causa constitucionalista em um incidente repleto de tensão.

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Bustos do Brigadeiro Tobias de Aguiar, fundador da Polícia Militar e do Cel PM Salvador D´Aquino, comandante do 1o BPChq quando da criação da ROTA em 1970.

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Detalhe da arquitetura de Ramos de Azevedo.

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Mais história: O belíssimo Salão de Honra que guarda relíquias como as bandeiras históricas do Batalhão e o detalhe da Galeria dos Comandantes do 1o Batalhão.

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A bandeira conduzida pelos campos de batalha na Campanha de Canudos em 1897.

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No quadro trazendo as medalhas da Guerra do Paraguai, a lembrança da participação do 1o Batalhão na epopéia da "Retirada da Laguna". Este quadro foi doado recentemente ao 1o Batalhão pelo meu amigo e colecionador Alfredo Duarte.

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Um local aonde literalmente se respira história. Nos antigos túneis que ligam o quartel aos demais quartéis da região, foi montada mais uma exibição de itens e fotos da trajetória do Batalhão. Destaque para a telha de fabricação francesa.

 

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BIBLIOGRAFIA: "Luz, Notícias e Reflexões". História dos Bairros de São Paulo. Clóvis de Athayde Jorge. DPH, 1988. As fotos que ilustram esta matéria são do autor deste texto. As duas fotos da Revolução de 1924 foram extraídas do exemplar de agosto daquele ano da "Revista da Semana" (acervo do autor).


Ricardo Della Rosa é blogueiro, colecionador de antiguidades e pesquisador da história militar brasileira. Em seu canal do You Tube, Passado Presente, ele apresenta várias peças históricas, locais e personagens muito interessantes.