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Morre a cantora Gal Costa, lenda da Música Popular Brasileira

A causa da morte da artista de 77 anos não foi confirmada, mas ela havia cancelado o show que faria no fim de semana por motivos de saúde
Por History Channel Brasil em 09 de Novembro de 2022 às 11:27 HS
Morre a cantora Gal Costa, lenda da Música Popular Brasileira-0

A cantora Gal Costa, um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, morreu em 9 de novembro de 2022, aos 77 anos. A causa da morte não foi confirmada, mas ela havia cancelado apresentações recentes por motivos de saúde. Em mais de 50 anos de carreira, a artista escreveu seu nome na história da MPB com sucessos como "Baby", "Meu Nome é Gal", "Modinha para Gabriela" e "Brasil".

Nascida para cantar

Nascida em Salvador (BA), Gal Costa era filha de Mariah Costa Penna, sua grande incentivadora, e de Arnaldo Burgos. Sua mãe contava que durante a gravidez passava horas concentrada ouvindo música clássica, com a intenção de que isso influísse na gestação e fizesse que a criança que estava por nascer fosse uma pessoa musical. Em 1959, após ouvir João Gilberto cantando "Chega de Saudade" no rádio, a vida de Gal mudou para sempre.

Gal Costa em 1969
Gal Costa em 1969 (Imagem: Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons

Em 1963, ela foi apresentada a Caetano Veloso pela amiga Dedé Gadelha (futura esposa do cantor e compositor), iniciando-se uma grande amizade e parceria musical que atravessou décadas. No ano seguinte, Gal estreou ao lado de Caetano, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e outros, o espetáculo Nós, Por Exemplo..., que inaugurou o Teatro Vila Velha, em Salvador. Pouco depois, deixou Salvador para viver no Rio de Janeiro, seguindo os passos de Bethânia, que havia estourado como cantora no espetáculo Opinião. 

A primeira gravação de Gal foi registrada no disco de estreia de Maria Bethânia (1965): o dueto "Sol Negro" (Caetano Veloso), seguido do primeiro compacto, com as canções "Eu Vim da Bahia", de Gilberto Gil, e "Sim, Foi Você", de Caetano . Seu primeiro LP foi Domingo, gravado em 1967, ao lado de Caetano, que emplacou o sucesso "Coração Vagabundo".

Em 1968 participou do lendário disco Tropicália ou Panis et Circencis. Nesse álbum coletivo, ela gravou as canções "Mamãe Coragem" (Caetano Veloso e Torquato Neto), "Parque Industrial" (Tom Zé) e "Enquanto Seu Lobo Não Vem" (Caetano Veloso), além de "Baby" (Caetano Veloso), o primeiro grande sucesso solo, que se tornou um clássico. No mesmo ano, participou do IV Festival da Record defendendo a canção "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso e Gilberto Gil). 

Em 1969, ela lançou o primeiro disco solo, Gal Costa, que além de "Baby" e "Divino Maravilhoso" trazia as canções "Que Pena" (Jorge Ben) e "Não Identificado" (Caetano Veloso), que se tornaram grandes sucessos. Pouco depois, gravou o segundo disco solo, Gal, com pegada mais psicodélica, trazendo os hits "Meu Nome é Gal" (Roberto e Erasmo Carlos) e "Cinema Olympia" (Caetano Veloso).

Gal Costa em 1971
Gal Costa em 1971 (Imagem: Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons)

Em 1970, Gal viajou para Londres para visitar Caetano Veloso e Gilberto Gil, exilados pela ditadura militar. Dessa viagem traz algumas músicas incluídas em seu disco seguinte, "Legal", cuja capa foi produzida por Hélio Oiticica. Do repertório desse álbum fizeram grande sucesso as músicas "London London" (Caetano Veloso) e "Falsa Baiana" (Geraldo Pereira). Em 1971, Gal estreia um dos shows mais importantes da música brasileira, "Fa-Tal", dirigido por Waly Salomão e que gravado ao vivo gerou o disco que até hoje é considerado por muitos críticos como o mais importante de sua carreira: Fa-Tal / Gal a Todo Vapor. O álbum traz grandes sucessos como "Vapor Barato" (Jards Macalé - Waly Salomão), "Como 2 e 2" (Caetano Veloso) e "Pérola Negra" (Luiz Melodia).

Na década de 1970, Gal continuou a gravar discos clássicos, como Índia (1973) e Cantar (1974). Em 1975, ela faz imenso sucesso ao gravar para a abertura da telenovela da Rede Globo Gabriela a canção "Modinha para Gabriela" (Dorival Caymmi). Nesse mesmo ano, ao lado dos colegas Gilberto Gil, Caetano e Maria Bethânia, participa do show "Doces Bárbaros", nome do grupo batizado e idealizado por Bethânia, espetáculo que rodou o Brasil e gerou o disco e o filme Doces Bárbaros. 

Sua carreira fértil continuou a deslanchar nos anos 1980. Naquela década, ela gravou sucessos populares como "Meu Bem, Meu Mal" (Caetano Veloso) e "Festa do Interior" (Moraes Moreira - Abel Silva). Em 1984, Gal grava o disco Profana, que traz os hits "Chuva de Prata" (Ed Wilson e Ronaldo Bastos) e "Vaca Profana" (Caetano Veloso). Em 1985, grava o disco Bem Bom, com os sucessos "Sorte" (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos), cantada em dueto com Caetano Veloso, e "Um Dia de Domingo" (Michael Sullivan e Paulo Massadas), em dueto com Tim Maia. Em 1988, Gal grava com grande sucesso a música "Brasil" (Cazuza, Nilo Romero e George Israel) para a abertura da telenovela da Rede Globo Vale Tudo.

Na década de 1990, Gal gravou discos marcantes como O Sorriso do Gato de Alice (1993), Mina d'Água do Meu Canto (1995) e Acústico MTV (1997). A partir da virada do século, Gal se manteve ativa, gravando e fazendo shows sem parar. Discos recentes como Estratosférica (2015) e A Pele Do Futuro (2018) foram elogiados pela crítica.

Imagens
Silvio Tanaka (CC BY-SA 2.0), via Wikimedia Commons - https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/deed.pt